quarta-feira, 6 de maio de 2009

Por que eu decidi fazer um curso sobre Relacionamentos Amorosos?

Comecei minha carreira profissional atuando na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Mogi das Cruzes, inicialmente atendendo os alunos e posteriormente, seus pais e cuidadores em grupos de orientação e atendimentos individuais. Naquela época já me chamava a atenção a diferença que fazia para o aluno, emocional e cognitivamente, contar ou não com pais e/ou cuidadores que se relacionavam bem entre si ou com seus respectivos cônjuges. Também ouvi nos atendimentos aos pais sobre histórias de relacionamentos frustrados, insatisfatórios e até mesmo destrutivos, que repercutiam de forma notável no desempenho de seus filhos como um todo. Dessa forma me vi obrigada, em muitos destes atendimentos, a orientar estes pais quanto às questões amorosas e de relacionamento.

Em seguida, comecei a realizar atendimentos particulares em consultório e tive outra experiência em instituições, desta vez no Projeto "Canarinhos do Itapety" da Prefeitura de Mogi das Cruzes. Nesses dois trabalhos também me deparei com questões muito parecidas com aquelas que eu tinha acesso na Apae, e pude também aprender muito sobre a relação entre o bem-estar dos pais em todos os aspectos e o bem-estar que estes propocionam a seus filhos. Pais que se diziam infelizes tendiam a tratar os filhos de forma menos atenciosa e afetiva, o que gerava um impacto negativo na formação da personalidade da criança e do adolescente.

Analisando no geral as causas para relacionamentos insatisfatórios e infelizes constatei que boa parte dessas pessoas tinham um autoconhecimento pobre, o que por sua vez atrapalha o desenvolvimento da capacidade de enxergar o outro tal como ele é. Por isso, essas pessoas faziam escolhas amorosas imaturas e/ou equivocadas e depois se arrependiam.

Por tudo isso, a meu ver disponibilizar o conhecimento acumulado pela ciência sobre o nascimento e a manutenção de bons relacionamentos amorosos é também uma questão social. Obviamente não se pode ignorar o peso dos outros fatores envolvidos (e eu destaco a pobreza, outras questões familiares e a vulnerabilidade social como fatores muito importantes), mas quem já trabalhou com famílias sabe muito bem que pais e demais familiares com problemas em seus relacionamentos amorosos tendem a fornecer um modelo desfavorável de relação para as crianças e adolescentes da família, e que se estes não tiverem a chance de avaliar criticamente tal modelo terão uma probabilidade muito grande de reproduzi-lo em seus futuros relacionamentos amorosos, repetindo um ciclo que nós, profissionais da Psicologia, temos condições de ajudá-los a romper.

Portanto, este Curso sobre como construir bons relacionamentos amorosos pretende ser a minha contribuição para o surgimento, a longo prazo (esperamos que não seja tão longo...), de uma sociedade mais afetiva, calorosa e com maior facilidade para lidar com seus problemas e conflitos de uma forma o mais favorável possível para todos.

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